domingo, 7 de junho de 2009

“O poder das Nações Unidas é um debate interminável”

Por Lise Oliveira
Promover a paz e a segurança entre as nações e os direitos humanos. Estas são algumas das principais funções da Organização das Nações Unidas. Além dos seis órgãos que a compõem, a ONU também possui escritórios regionais espalhados pelo Brasil, entre eles o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano). Uma das responsáveis pela implantação do PNUD em Salvador, Camila Sande, conversou com o ONU em Pauta e falou sobre a atuação do órgão no cenário baiano.

ONU em Pauta: Qual a função do PNUD em Salvador?
Camila Sande: Esses escritórios focam no desenvolvimento humano local. São responsáveis pelos índices de desenvolvimento humano que traçam o perfil social do país. Ele quem gere os projetos junto ao governo e à prefeitura. Existe uma idéia de que a ONU é uma fonte de recursos, mas na verdade ela possui um know-how sobre assuntos internacionais muito grande. A ONU e o PNUD funcionam como auxiliares do poder local e existe um financiamento para a ONU trabalharem em parceria para desenvolver projetos na área de desenvolvimento humano. E o PNUD tem um know-how com especialistas para esse objetivo porque o governo não tem braços operacionais para gerir esses projetos. E a ONU cede esse know-how para o país, com profissionais, plano de execução, cronograma, além da promoção de cursos, seminários e palestras.

OP: E a UNIJORGE também esteve envolvida em projetos da organização?
CS: O projeto Brasil ponto a ponto (www.brasilpontoaponto.org.br) mapeou as necessidades da população brasileira através de uma enquete onde as pessoas respondiam: “O que é preciso mudar para a sua vida mudar de verdade?”. A população respondia através da Internet ou pelos folhetos que eram distribuídos. E então, em uma visita que eu fiz ao PNUD de Brasília e de Salvador, eles pediram voluntários para analisar esses questionários, e nós da UNIJORGE somamos 58. Os estudantes de vários cursos, não apenas de Relações Internacionais, recebiam essas listas com várias queixas e eles tinham de conseguir um foco, e a educação foi a principal resposta. Foi muito elogiada a participação da UNIJORGE quando apenas três universidades brasileiras participaram da iniciativa.

OP: Qual é, de fato, o poder das Nações Unidas?
CS: O poder da ONU é um debate interminável, mas a ONU não tem um poder policial, que é o de punir. O exército da ONU, que são os peacekeepings, só pode atuar em legítima defesa. O objetivo é manter a paz e por intermédio do Conselho de Segurança acontece essa intervenção, como a que ocorreu no Haiti quando as forças brasileiras foram para lá. Por trás disso há também uma tentativa do País de tentar ser membro permanente do Conselho de Segurança. Os Estados Unidos são os principais financiadores da ONU e por isso possuem essa ligação de poder maior. Mesmo alguns estudantes de RI insistem em afirmar sobre a falta de poder da ONU, o que é um erro porque o foco não deve apenas ser dado ao Conselho de Segurança, que é um órgão que não representa uma democracia.

OP: O que mudaria se o Brasil se tornar um membro permanente do Conselho de Segurança?
CS: O Brasil ganharia um status de ator internacional, e um reconhecimento mundial muito grande, que funcionaria mais do que o alcance de resultados de efeitos práticos. Os problemas continuariam os mesmos, isso não mudaria, apenas a posição dele internacionalmete seria fortalecida.

OP: E qual a função do secretário geral, que atualmente é Ban Ki-Moon?
CS: O secretário geral não toma decisões. A opinião dele é levada em consideração, mas não é o papel dele definir soluções. Ele funciona mais como um intermediador, um pacificador.
Camila Sande é professora do curso de Relações Internacionais da UNIJORGE, consultora da UNESCO e já trabalhou em projetos de parceria com a ONU na Secretaria de Relações Internacionais da prefeitura municipal de Salvador.

Saiba mais sobre o PNUD em Salvador:

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